O átomo de hidrogênio é frequentemente usado como modelo para exemplificação dos orbitais eletrônicos e outros conceitos na física atômica e química quântica por várias razões:
O hidrogênio é usado como modelo para exemplificação dos orbitais eletrônicos porque sua simplicidade permite uma compreensão clara e detalhada dos princípios fundamentais da mecânica quântica, estabelecendo uma base sólida para o estudo de sistemas mais complexos.
Os modelos de Bohr e Schrödinger para o átomo de hidrogênio representam marcos importantes na evolução da compreensão da estrutura atômica, cada um oferecendo uma perspectiva única sobre a natureza do elétron e sua interação com o núcleo.
Niels Bohr propôs seu modelo do átomo de hidrogênio em 1913.
As principais características do modelo de Bohr são:
Apesar de seu sucesso em explicar o espectro de emissão do hidrogênio, o modelo de Bohr falhava em explicar fenômenos mais complexos e átomos com mais de um elétron.
Erwin Schrödinger desenvolveu seu modelo baseado na mecânica quântica em 1926, usando uma abordagem completamente diferente:
$\hat{𝐻} \psi=𝐸 \psi \hat{𝐻}$
onde
$\hat{𝐻}$ é o operador Hamiltoniano, $𝐸$ é a energia do sistema, e $\psi$ é a função de onda.
Distribuição de Probabilidade: O quadrado da função de onda ($∣𝜓∣^2) fornece a densidade de probabilidade de encontrar o elétron em um determinado ponto no espaço. Isso introduz o conceito de orbitais atômicos.
O modelo de Bohr é um caso especial do modelo de Schrödinger. As órbitas quantizadas de Bohr correspondem aos estados estacionários da equação de Schrödinger para o átomo de hidrogênio. Entretanto, o modelo de Schrödinger oferece uma descrição mais completa e precisa, integrando a natureza ondulatória do elétron e fornecendo uma base para a compreensão de sistemas mais complexos e das interações quânticas fundamentais.
Bohr postulou que os elétrons se movem em órbitas circulares ao redor do núcleo sem emitir radiação. Essas órbitas são chamadas de órbitas estacionárias.
Cada órbita tem uma energia específica e quantizada, ou seja, os elétrons só podem ocupar certas órbitas com energias definidas.
Quantização do Momento Angular:
O momento angular ($𝐿$) do elétron é quantizado e dado por:
$𝐿 = 𝑛 \hbar$
Onde $𝑛$ é um número inteiro positivo (número quântico principal) e $\hbar$ é a constante de Planck reduzida ($\hbar = \frac{h}{2 \pi}$).
O raio da 𝑛-ésima órbita ($𝑟_𝑛$) é dado por:
$𝑟_𝑛 = 𝑛^2 a_0$
Onde $𝑛$ é um número inteiro positivo (número quântico principal) e $a_0$ é o raio de Bohr, aproximadamente $5,29×10^{−11}$ m.
A energia total ($E_𝑛$) das Órbitas do elétron na 𝑛-ésima órbita é:
$E_𝑛$ = $-\frac{13,6eV}{𝑛^2}$
Onde $13,6 eV$ é a energia do estado fundamental ($𝑛$ = 1), que corresponde à menor energia.
Para qualquer átomo, o estado correspondente à menor energia é o estado fundamental.
Quando um elétron transita entre duas órbitas, ele emite ou absorve um fóton cuja energia ($E$) é igual à diferença de energia entre as duas órbitas.
$E$ = $E_i - E_f$ = $h𝜈$
Onde $E_i$ e $E_1f$ são as energias inicial e final das órbitas, respectivamente, e $𝜈$ é a frequência do fóton emitido ou absorvido.
Bohr sugeriu que o momento angular do elétron é quantizado:
$𝐿 = m_ev𝑟 = 𝑛 \hbar$
Onde $m_e$ é a massa do elétron, $v$ é a velocidade do elétron na órbita, $𝑟$ é o raio da órbita, $𝑛$ é um número inteiro (número quântico principal).
A força centrípeta necessária para manter o elétron em órbita é fornecida pela força de atração coulombiana entre o elétron e o núcleo:
$𝐿 = \frac{m_e𝑣^2}{𝑟} = \frac{ke^2}{f^2}$
Onde $𝑘$ é a constante de Coulomb ($𝑘 ≈ 8,99 X 10^9 \frac{Nm^2}{C^2})$ e $𝑒$ é a carga do elétron.
Substituindo $𝑣$ da quantização do momento angular:
$𝑣 = \frac{𝑛 \hbar}{𝑚_𝑒𝑟}$
E substituindo na equação da força centrípeta:
$\frac{𝑚_e(\frac{𝑛 \hbar}{𝑚_𝑒𝑟})^2}{𝑟}$ = $\frac{𝑘𝑒^2}{𝑟^2}$
Simplificando, obtemos o raio das órbitas:
$𝑟_𝑛$ = $\frac{𝑛^2 \hbar^2}{𝑘𝑒^2𝑚_𝑒}$ = $𝑛^2𝑎_0$
Onde $𝑎_0$ é o raio de Bohr ($𝑎_0$ = $\frac{\hbar^2$}{𝑘𝑒^2𝑚_𝑒}$ = $≈ 5,29 × 10^{-11} m$)
A energia total do elétron é a soma da energia cinética e da energia potencial eletrostática:
$𝐸_𝑛$ = $\frac{1}{2} 𝑚_𝑒 𝑣^2 - \frac{𝑘 𝑒^2}{𝑟}$
Substituindo $𝑣$ e $𝑟$ das equações anteriores:
$𝐸_𝑛 = \frac{1}{2} 𝑚_𝑒 \frac{𝑛 \hbar}{𝑚_𝑒 𝑟_𝑛} - \frac{𝑘𝑒^2}{𝑟_𝑛}$
Substituindo $𝑟_𝑛$:
$𝐸_𝑛 = \frac{1}{2} 𝑚_𝑒 \frac{𝑛 \hbar}{𝑚_𝑒 𝑛^2 𝑎_0} - \frac{𝑘𝑒^2}{𝑛^2 𝑎_0}$
Simplificando:
$𝐸_𝑛$ = $\frac{𝑘𝑒^2}{𝑛^2 2 𝑎_0}$ = $\frac{13,6 eV}{𝑛^2}$
O modelo de Bohr foi bem-sucedido em explicar:
Limitações:
Apesar dessas limitações, o modelo de Bohr foi um passo crucial na compreensão da estrutura atômica e pavimentou o caminho para o desenvolvimento da mecânica quântica.
O Modelo de Schrödinger para o átomo de hidrogênio representa um avanço significativo na teoria quântica e oferece uma descrição mais completa e precisa do comportamento dos elétrons.
No modelo de Schrödinger, o estado de um elétron em um átomo é descrito por uma função de onda $\psi(𝑟,𝑡)$, onde $𝑟$ é a posição e $𝑡$ é o tempo.
A função de onda contém toda a informação sobre o sistema e a densidade de probabilidade de encontrar o elétron em uma determinada posição é dada por $∣\psi(𝑟,𝑡)∣^2$.
A equação de Schrödinger é uma equação diferencial que descreve como a função de onda evolui ao longo do tempo:
$𝑖 \hbar \frac{\partial \psi(𝑟,t)}{\partial t} = \hat{H} \psi(𝑟,𝑡)$
Onde $𝑖$ é ..., $\hbar$ é a constante reduzida de Planck, $𝑟$ é a posição e $𝑡$ é o tempo.
Para estados estacionários (energia constante), a equação de Schrödinger independente do tempo é usada:
$\hat{H} \psi(𝑟)=E\psi(𝑟)$
Onde $\hat{H}$ é o operador Hamiltoniano, $E$ é a energia e $𝑟$ é a posição.
O operador Hamiltoniano ($\hat{H}$) para um elétron em um campo coulombiano (núcleo de hidrogênio) é uma funcional de onda ($\psi$) que pode ser escrita como:
$\hat{H} = \frac{\hbar^2}{2𝑚_𝑒} \nabla^2 - \frac{𝑒^2}{4\pi\epsilon_0 𝑟}$
Onde $\hat{H}$ é o operador Hamiltoniano, $𝑚_𝑒$ é a massa do elétron, $\hbar$ é a constante de Planck, $\nabla$ é o operador laplaciano, $𝑒$ é a carga do elétron, $\epsilon_0$ é a permissividade do vácuo e $𝑟$ é a distância ao núcleo.
As soluções da equação de Schrödinger para o átomo de hidrogênio são chamadas de orbitais atômicos.
Cada orbital é descrito por três números quânticos: $𝑛$ (número quântico principal), $𝑙$ (número quântico azimutal) e $𝑚_𝑙$ (número quântico magnético).
A energia dos orbitais depende apenas de $𝑛$, enquanto a forma dos orbitais depende de $𝑙$ e $𝑚_𝑙$.
A solução da equação de Schrödinger para o átomo de hidrogênio envolve separar a equação nas coordenadas esféricas ($𝑟$, $𝜃$ e $𝜙$):
$\psi(𝑟,𝜃,𝜙)$ = $R(𝑟)Y(𝜃,𝜙)$
A equação radial depende de
$R_{𝑛𝑙}(𝑟)$ = $\sqrt{\frac{2𝑍}{𝑛 𝑎_0}^{3} \frac{(𝑛-l-1)!}{2n[(𝑛+l)!]}} \frac{2Zr}{𝑛 𝑎_0} ^l e^{-\frac{Zr}{𝑛 𝑎_0}} L_{𝑛-l-1}^{2l+1} \left ( \frac{2Zr}{𝑛 𝑎_0} \right )$
Onde $𝐿$ são os polinômios associados de Laguerre, $𝑎_0$ é o raio de Bohr e $𝑍$ é o número atômico (para hidrogênio, $𝑍=1$).
As funções angulares são os harmônicos esféricos
$Y_{l}^{m_l}(\theta, \phi) = \sqrt{\frac{(2l+1)(l-|m_l|)!}{4\pi(l+|m_l|)!}} P_{l}^{|m_l|}(\cos\theta) e^{im_l \phi}$
Onde $𝑃$ são os polinômios associados de Legendre.
Determina a energia do elétron e o tamanho do orbital.
$𝑛$ é um número inteiro positivo ($𝑛=1,2,3,…$).
Determina o momento angular do elétron e a forma do orbital.
$𝑙$ varia de $0$ a $𝑛-1$.
Determina a orientação do orbital no espaço.
$𝑚_𝑙$ varia de $0$ a $𝑙−l$ a $𝑙−+1$.
A energia dos orbitais para o átomo de hidrogênio é dada por:
$𝐸_𝑛$ = $\frac{−13,6eV}{𝑛^2}$
Os orbitais atômicos são classificados com base nos valores de $𝑛$, $𝑙$ e $𝑚_𝑙$.
Esféricos e não direcionais.
Exemplo: $1𝑠$, $2𝑠$, $3𝑠$.
Formato de halteres, direcionais.
Exemplo: $2𝑝_𝑥$, $2𝑝_𝑦$, $2𝑝_𝑧$.
Formas mais complexas, como trevos de quatro folhas.
Exemplo: $3𝑑_𝑥𝑦$, $3 𝑑_𝑥𝑧$, $3𝑑_𝑦𝑧$, $3𝑑_{𝑧^2}$, $3𝑑_{𝑥^2𝑧^𝑦}$.
Formas mais complexas, como trevos duplos de quatro folhas.
Exemplo: $4f_{𝑧^2}$, $4f_{𝑥𝑧^2}$, $4f_𝑥𝑦𝑧$, $4f_{𝑥(𝑥^3-𝑦^2)}$, $4f_{𝑦𝑧^2}$, $4f_{𝑧(𝑥^2-𝑦^2)}$, $4f_{𝑦(3𝑥^2-𝑦^2)}$.
O modelo de Schrödinger para o átomo de hidrogênio introduziu uma descrição probabilística do comportamento do elétron, em contraste com o modelo de órbitas fixas de Bohr.
As funções de onda $\psi$ fornecem informações detalhadas sobre as probabilidades de localização do elétron, permitindo uma compreensão mais profunda da estrutura atômica e pavimentando o caminho para o desenvolvimento da química quântica e da física de partículas.